quarta-feira, 21 de março de 2007

Foi lá que começou

Acho que o Mário era assistente do Fauzi Arap em um curso ou algo como um curso. Foi o Marcelo Montenegro quem me chamou para ir pegar um livro com o cara - Mamãe não voltou do Supermercado - fiquei de cara pelo título e pelo livro. Nessa época eu fazia Jornalismo em Mogi - faculdade que larguei no último semestre, bem a tempo de não me tornar um jornalista de merda ou um merda de um jornalista. Trocamos uma idéia rápida com o cara e fomos embora. Alí eu comecei a fazer teatro. Já tinhamos visto Medusa de Rayban e o que veríamos logo em seguida seria Santidade, que o Mário fazia junto com o Antonio (que já morreu) e o Níveo (que participou das duas primeiras mostras do Cemitério) com direção do Fauzi. Cara, o que foi aquilo. O cara soltava o texto na cara da platéia e a platéia, atônita, não desgrudava os olhos do cara. Quem já assistiu Kerouac sabe o que eu tô falando. Eu tô falando de Ator, cara. Com A maiúsculo que é para não deixar dúvida. Lembro que o Mário saiu detonado no final do espetáculo e acho que fomos tomar umas. Eu nunca tinha visto isso. Eu via atores sairem de espetáculos como semi-deuses, perfumados, em comitiva rumo ao Planeta mais próximo, e longe, mais muito longe dos demais mortais da Terra - quem já trombou o Zé Celso e sua Comitiva sabe do que eu estou falando. Naquele momento eu ví um operário após o apito da fábrica, um catador de algodão chegando do campo, empunhando uma gaita, abrindo uma roda para os amigos. Uma dignidade, meu, uma dignidade. Cara, eu nunca tinha visto aquilo.
Acho que isso era lá por 97/98. De lá para cá, muita coisa aconteceu entre eu e o pessoal do Cemitério antes que eu subisse em um palco. As pessoas foram muito generosas comigo e acho que é porque são meus amigos e porque eu até devo ter um pouco de talento, mas é principalmente cara, por que eu tive a oportunidade de me aproximar de todos essas pessoas que o Cemitério consegue agregar e envolver em torno de todos eles, a oportunidade de aprender e se divertir com ninguém menos que esses malucos do Cemitério. Foram tantas coisas, tanta Mostra, tanto Show, como diria o Pinduca, ...tantas trocas de roupa...Pois é, hoje eu faço teatro com os caras, consegui Drt e tudo, mas principalmente, continuo sorrindo e me divertindo com eles. Outro dia eu conto mais do que veio pelo caminho, o meu e onde o meu encontrou o caminho dos caras.

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