Estreamos o Ovelhas...Ufa. Rolou. Ainda não foi o melhor, ao menos da minha parte. Não é fácil fazer o Pedrernesto, são bifes imensos e não tem troca com outro personagem. Eu faço o Pedrernesto narrador. O Didio, o próprio Pedrernesto. Eu conto a história, da cadeia. O Didio dá vida a ela. É um jogo louco. Tem o tempo da narração e o tempo da interpretação do Didio. Tudo tem que ser sincronizado, como botar som em vídeo. É muito texto. No primeiro dia de ensaio o Xepa me viu decorando o texto e riu. Perguntou pra mim se eu já sabia do "mito" do Pedreernesto. É claro que eu sabia. Dois atores travaram suas interpretações em suas respectivas estréias. Isso é o quê de pior pode acontecer com um ator em cena. O Mário, um dia antes da estréia e vendo escancarada minha insegurança em relação ao texto, falou: "Estuda o texto filho da puta, não quero ver tua cara antes de você saber todo o texto, você conhece o "mito" do ..."
Eu estudei e, no último ensaio eu tinha pelo menos condição de contar a história, só então consegui começar a pensar em interpretação. A Fernanda deu um toque, simples, mas que foi fundamental. Falou que eu devia apenas contar a história, como se eu estivesse na Associação ou na mesa de um bar, que eu precisava só de uma pequena respirada entre as frases. Ela matou em cheio. Consegui achar o caminho para começar a fazer o Pedrernesto no último ensaio antes da peça. E foi lá, durante a peça, que tudo aconteceu. Descobri o porquê dos outros atores terem travado com este personagem. É ali, na boca de cena, quando um outro fator começa a alterar o ritmo da narração e deixa o ator de calças curtas, a interação da platéia. A cada gesto do Didio casado com a narração, a platéia ia a baixo e , se você tá habituado a dar o texto em cima, na deixa do outro ator, com este novo fator, você tem que mudar o ritmo e dar mais pausa entre as falas. Se você não der esta pausa, vai dar o texto em cima do riso da platéia, as pessoas vão perder o fio da história e aí, baubau cena. É nesta hora que parece que o chão vai afundar, é nesta hora que o texto some da sua cabeça e você pode entrar em pânico e mandar a peça toda pro buraco. É o "fator platéia". Não aconteceu comigo. Quebrei o "mito".
É claro que esqueci toques importantes do Mário como não olhar muito para o chão ou dar o texto de frente para o público. O Marcelo me falou que tem momentos que eu demonstro ansiedade em esperar a deixa (não é isso, mas é isso que aparenta). Vou corrigir. Também inverti umas palavras no final, enfim, errei bastante. Mas não travei. Contei a história e o público entendeu. Agora sim vou poder começar a lapidar o Pedreernesto. Tenho certeza que na última apresentação estará bem bacana - fiquei com um puta frio na barriga, mas nunca duvidei da minha capacidade. A segunda apresentação já foi bem melhor.
Valeu Marião, valeu Fernanda, valeu Marcelo, valeu elenco, por terem confiado em mim e em nenhum momento exercerem algum tipo de pressão. Valeu Ana, por ter segurado minha ansiedade e minhas angustias. Acho que não deixei as pessoas nervosas e isso ajudou as pessoas a me darem crédito e confiança - foi fundamental (apesar que, depois da estréia, o Nelsinho veio pra mim e disse que podia ver o nervosismo nos meus olhos). Valeu. Agora quero outros desafios.
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4 comentários:
Quero mto ir, mas tá dificil.. Beijo Batata! Toda sorte pra você.
Você vai conseguir aparecer Carola. Um beijo,Batata.
Batata, que blog do caralho! Só hoje pude parar pra ler com atenção. Matou, velho! Fernanda D´Umbra
Valeu Fernanda. Elogio seu emociona, sempre. Aparece mais.
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