É pra isso. Pra mostrar em que eu acredito e do que eu sou feito. Pra sair de lá correndo para o limoeiro, drenado, por conta da apresentação. Pra ouvir a rapaziada rindo quando o Bêbado(Xepa) chama o Escritor(Robocop) de gordo cuzão, ou quando a gargalhada soa fácil quando o Pedrernesto(Didio) resolve acabar de vez com a Mina do Cartório(Ziza), ou ainda, pra ver os casais da platéia se abraçando na cena do Nelsinho e da Fernanda.
É pra isso que eu como pó no porão e por isso que passei esta última semana com a garganta impregnada de uma gosma esquisita e o pulmão carregado de catarro - eu fumo e por isso eu sei que isso não é do cigarro, ou pelo menos não somente dele.
E quando eu leio um texto de alguém que ninguém sabe quem é, falando com tanto carinho do trabalho da gente, percebo que sempre valeu a pena comer todo aquele pó.
O texto foi mandado pro e-mail do Mário e ele reproduziu no blog dele. Eu reproduzo aqui :
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Assisti a três peças da IV mostra do Cemitério de Automóveis e saí cada dia mais embevecida!
A companhia está fazendo 25 anos de existência e bancando pra nós, reles espectadores, uma grande festa de “Porão”.
Tudo rola por conta da própria companhia: iluminação, figurino, som, produção, roteiro, adaptação. Os próprios atores se misturam à técnica para dar conta da montagem e troca de cenário.
O mais curioso é ver o resultado dessa festa citadina.
É mais ou menos assim: você começa descendo um caracol de escadas e quando acha que chegou ao fim lá vem outra descida, o que chega a ser propício para uma mostra do “Cemitério”.
Já no porão, não se pode esperar por cadeiras estofadas, ar condicionado ou uma boa acústica. Se contente com um canto na arquibancada de madeira e deixe o som que rola ao início de cada espetáculo te invadir. Como a música é boa, você logo se esquece da falta de comodidade. Feito isso é só esperar o milagre.
Um anjo de nome Marcelo Montenegro dá os acordes da sonoplastia e iluminação com a perfeição de um maestro, enquanto no palco, com pouco ou as vezes nenhum cenário, você se depara com verdadeiras feras que engrandecem a peça calcados apenas em seu próprio talento e na fascinação de um texto que por si só já dá ao espetáculo os méritos de supremacia.
Eu sempre saio de lá em estado de graça, algo assim, parecido como “descer ao céu”...
É possível ver o talento de cada uma daquelas pessoas, que não são “estrelas”, não estão na mídia, mas que tem méritos mais que suficiente para muito assédio e grande fortuna.
É uma pena que a maioria das pessoas se contente com estórias vazias e inventadas, só para dar ibope, e pior, que acreditem nelas...
Eu prefiro a verdade crua e quente dos textos do Mário; as produções sem ostentação e luxo, mas de extremo bom gosto e, sobretudo, competência da Fernanda; de presenciar o talento nato de personalidades como: André Ceccato, Gabriel Pinheiro, Paulo de Tharso, Marcos Amaral, Érika Puga, Marisa Viana, André Collazzi, Fábio Espósito, Walter Figueiredo, dentre muitos outros, dando um aparte especial para o Régis e Deus.
Parabéns a todos vocês que fazem do Cemitério de Automóveis essa super companhia. E mais uma vez muito obrigada por cada espetáculo.
Grande abraço.
Gisele Cristine Ferreira
Um grande abraço pra você Gisele, e quando você aparecer lá no porão de novo, fala com a gente.
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3 comentários:
Ô Batata, que texto bacana hein!!!! É por isso que vale a pena comer pó, né !! Te adoro. Ana Marotto
Querido Batata,
Fiquei muito feliz ao ver meu texto e principalmente o comentário que você fez no seu blog. Posso garantir com toda certeza que o que sinto a cada espetáculo não é um sentimento só meu, mas de todos aqueles, que anônimos ou não dividem um pedacinho da arquibancada. Muito obrigada pelo carinho. Pretendo voltar a assistir “Chapa Quente” na última apresentação e pode esperar que vou te rodear até ganhar um abraço e te agradecer pessoalmente por tudo de bom que você e todos do Cemitério me proporcionam.
Grande Abraço.
Gisele.
Tõ te esperando lá, hein! Chega cedo que o bicho tá pegando. Todos os dias lotado.
Um grande abraço.
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